sábado, 26 de abril de 2008

Mestre Osamu Hidaka


(Osamu Hidaka com David Yamamoto em evento na Bonsai Morro Velho.)

Osamu Hidaka
Um dos maiores mestres de Bonsai do Brasil e um dos principais responsáveis pela divulgação da arte.
Desde menino, ainda no Japão, ele já demonstrava interesse pelo cultivo de plantas. Como o pai trabalhava em uma
delegacia e estava fora de casa, o avô o chamou para morar com ele. “Nessa época, passei a ajuda-lo a cuidar da
coleção de Bonsai, mas não era bom. Ele só mandava, eu não tinha muito prazer”, conta o reservado mestre. Em
1954, Hidaka se formou na Escola Agrícola Kenritsu Takanabe Noogyoo Kootogakko com especialização na área de
flores e frutas.
“Lá eles também ensinavam tudo sobre Bonsai e orquídeas. Mudei de idéia e comecei a gostar dessa
arte”, diz. Foi dessa formação que surgiu a oportunidade de realizar um estágio no Brasil, promovido pelo
governo japonês.
“Além de arrumar um lugar em que as plantas tomem sou, chuva e vento, o mais importante é ter paciência.
Esse é o segredo do sucesso no cultivo de Bonsai.”
No começo da década de 60, ele chegava a Campos do Jordão, região montanhosa do estado de São Paulo.
“Fiquei pouco mais de um ano e gostei muito da terra. Passei quatro meses no Japão e voltei para o Brasil, dessa
vez para me fixar”, diz. Em 2 de fevereiro de 1963. Hidaka se casou com Elisa, brasileira descendente de
japoneses.
Durante a nossa visita, o casal relembrou histórias engraçadas desse começo de vida a dois. Provavelmente pela primeira
vez na história não foi a noiva que atrasou, mas o padre que não lembrou a data do casamento. A solução foi percorrer 3
km até Pindamonhangaba, debaixo de chuva, para buscar o padre esquecido. Elisa ainda revela outro
“causo” da data: durante a cerimônia, Hidaka estava calçando um modelo de sapato diferente em cada pé.
“Eu tinha de ficar escondendo com a cauda do vestido”, conta.
O casal fixou residência em Atibaia, SP, região que concentrava um grande número de famílias de imigrantes
japoneses. Depois de quatro anos de trabalho, conseguiram comprar o terreno do sítio onde vivem até hoje. Mesmo
depois de mais de 40 anos no Brasil, Hidaka ainda fala português com dificuldade. “Nunca precisei aprender
porque mesmo com os visinhos a gente só falava em japonês”, explica. A dificuldade em entende-lo, entretanto,
é compensada pela boa vontade e paciência do bonsaísta.Inicialmente, Osamu Hidaka exercia a função de avicultor,
comercializando ovos e frango. Pouco depois, resolveu aplicar os conhecimentos em jardinagem para produzir flores de
corte, especialmente rosas e crisântemos. Apenas em 1968 o Bonsai começou a aparecer no Sítio Hidaka.O viveiro foi
montado aos poucos, afinal, o Bonsai era apenas um hobby para o experiente bonsaísta. “Até o ano passado,
meu trabalho era cuidar do restaurante”, diz, referindo-se ao Toyota, estabelecimento de comida japonesa que o
casal administrava desde 1995 em Atibaia. A dedicação ao “passatempo”, entretanto, é quase total: com 69
anos, Hidaka acorda as 5h todos os dias.
A paixão declarada do bonsaísta é o pinheiro negro (Pinus thunbergii). “Cultivo essa espécie desde o começo
porque era o que eu mais via no Japão”, conta. Quando decidiu dedicar parte do seu tempo ao Bonsai, Hidaka
semeou milhares de pinheiros negros. Desses, cerca de 1,2 mil se desenvolveram. “Mas quase todos já foram
vendidos, sobraram apenas uns cem exemplares”, diz. Com eles, o mestre foi desenvolvendo seus famosos
estudos. Uma das experiências de sucesso é a de crescimento controlado de raízes, técnica criada no Japão e
introduzida no Brasil por Osamu Hidaka.Ainda assim, o bonsaísta mostra que também entende de outras espécies. Ele
conta que quando ministra oficinas em cursos e encontros de Bonsai realizados no país, os participantes sempre pedem
para mostrar trabalhos com pinheiro negro. No 8º encontro Nacional do Bonsai, de Mandaguari, PR, o maior evento
nacional promovido pelo Bonsai Center Romagnole, Hidaka vai apresentar, sim, um pinheiro negro. “Mas
também estou escolhendo uma outra espécie para levar”, diz. Segundo ele, a idéia inicial é levar um exemplar
de ácer (Acer sp) para ensinar a técnica de engrossar a base.Em meio aos pinheiros é possível encontrar piracantas
(Pyracantha spp), diversas espécies de ácer (Acer sp), jabuticabeiras (Myrciaria cauliflora), pitangueiras (Eugenia
uniflora), fícus (Fícus sp) e muitas outras. “Só não gosto muito do junípero, acho o tronco muito grosso”,
afirma. Entretanto, até os juníperos (Juniperus sp) estão presentes no Sítio Hidaka.
(Matéria retirada do Clube do Bonsai de Ribeirão Preto - Brasil - www.bonsairp.com.br)

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